© Evangelina Sirgado de Sousa  |  ‘Muro’
Versão pdf do n.º 1 completo aqui 
 

ouverture _ pre.lú.di.o  | Duarte Santo e Ana Salgueiro

 

ENSAIOS VISUAIS

Lugar e Corpo  |  Lucília Monteiro

 

Nuvem Única (…e aquela mancha de cor lá no fundo da levada)  |  Evangelina Sirgado de Sousa

 

Tudo se inicia e termina com a natureza. E o antropomórfico realiza-se. Perdurará?  |  Ana Margarida Ferraz

 

 

ARTIGOS

A vivência do cinema nas cidades. O caso do Funchal |  Ana Paula Almeida 

Resumo: O Funchal, centro da ilha da Madeira, era, na transição para século XX, uma cidade pobre e pequena, com evidentes características rurais. Esta realidade não foi impeditiva de que, desde muito cedo, os funchalenses tivessem contacto com o cinema, uma das grandes invenções do final do século XIX. O cinema terá acentuado as diferenças entre a cidade (Funchal) e o campo (resto da Ilha). De certa forma, o quotidiano, o conhecimento e a curiosidade dos habitantes da urbe, das várias camadas sociais, foram alterados. As várias salas inauguradas nas primeiras décadas do século XX revelam o interesse da população pelo cinema, e provocaram alterações na cidade e na forma como esta passou a ser vivida. Terá esta inovadora diversão contribuído para uma nova cultura urbana no Funchal, na viragem do século?

Palavras-chave: Cidade, Cinema, Cultura, Funchal, Rural, Urbano

Abstract: Funchal, center of Madeira Island, was, in the transition to the twentieth century, a poor and small town, with too many rural characteristics. This reality did not prevent the population of Funchal from having contact with the cinema, one of the great inventions of the late nineteenth century. The cinema has even accentuated the differences between the city (Funchal) and the countryside. In a way, the daily life, the knowledge and the curiosity of the various social layers of the population of the city were modified. The various auditoriums, inaugurated in the first decades of the twentieth century, reveal the interest of the population for the cinema, and they promoted changes in the city and in the way it was felt. Will this innovative fun contribute to a new urban culture in Funchal at the turn of the century?

Keywords: City, Cinema, Culture, Funchal, Rural, Urban

A Translocalidade da Cultura Açucareira: o Funchal, Cidade do Açúcar, entre o Mediterrâneo e o Atlântico  |  Naidea Nunes Nunes

Resumo: A ilha da Madeira e a cidade do Funchal em particular, desde o início do seu povoamento, caracterizam-se pela sua translocalidade, sobretudo associada à cultura açucareira. Interessa, pois, conhecer as relações translocais, interlinguísticas e interculturais, associadas à terminologia açucareira no Atlântico, dado que a cidade do Funchal foi o epicentro da circulação de coisas e palavras e da mobilidade de pessoas, ao estar numa posição estratégica entre o Mediterrâneo e o Atlântico, convertendo-se na cidade do açúcar ou “ouro branco” da altura. Foi também a partir da Madeira que o vocabulário da cultura açucareira, constituído fundamentalmente por unidades terminológicas complexas que denominam qualidades de açúcar e técnicas da produção açucareira, se expandiu no Atlântico, nomeadamente para Canárias, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe e Brasil, configurando a realidade do atual património linguístico e cultural comum aos dois lados do Atlântico, como confirma a documentação oral contemporânea, recolhida através de questionários semântico-lexicais nas áreas geográficas referidas, onde ainda subsiste a produção açucareira tradicional.

Palavras-chave: Terminologia Açucareira; Translocalidade; Cidade do Funchal; Ilha da Madeira; Canárias; Cabo Verde; S. Tomé e Príncipe; Brasil.

Abstract: The island of Madeira, and the city of Funchal in particular, since the beginning of its settlement, is characterized by its translocality, especially associated with the sugar culture. It is therefore interesting to know the translocal, interlinguistic and intercultural, relations associated with the sugar terminology in the Atlantic, since the city of Funchal was the epicenter of the circulation of things and words and the mobility of people, being in a strategic position between the Mediterranean and the Atlantic, becoming the city of sugar or “white gold” of the height. It was also from Madeira that the vocabulary of the sugar culture, consisting mainly of complex terminological units that denominate sugar qualities and techniques of sugar production, expanded in the Atlantic, namely to the Canaries, Cape Verde, S. Tome and Principe and Brazil, shaping the reality of the current linguistic and cultural heritage common to both sides of the Atlantic, as confirmed by contemporary oral documentation, collected through semantic-lexical questionnaires in the geographical areas referred to, where traditional sugar production still exists.

Keywords: Sugar Terminology; Translocality; Funchal City; Madeira Island; Canary Islands; Cape Verde; S. Tome and Principe; Brazil.

 

DIÁLOGOS

dois poemas  |  dalila teles veras

 

Língua Portuguesa, Literatura e Cultura Madeirenses. Testemunho da Experiência do Curso Intensivo de Verão para Lusodescendentes na Universidade da Madeira  |  Idalina Camacho e Naidea Nunes Nunes  

 

OLHARES CRUZADOS | Projetos Artísticos em Destaque:  VÉRTICE  &  TERESA JARDIM
 

VÉRTICE. Em legítima defesa  da poesia insular _  ‘ESPELHO’ 

© © VÉRTICE, 2018   

 

 

 

 

 

 

 

Cabral do Nascimento (1943), Cancioneiro, Lisboa: Edições Gama, pp. 45-46

 

 

 Espelho Canção e vídeo criados a partir do poema homónimo de João Cabral do Nascimento (Funchal, 22.03.1897 | Lisboa, 02.03.1978)

Intérprete da palavra: António Plácido     |     Pianista Convidada: Judit Vig     |     Música: Tozé Cardoso     |     Sonoplastia: Beto Madeira     |     Gráficos – TCP    |    Apoio: Xarabanda, Associação Musical e Cultural

 

Nota Breve sobre o Projecto ‘Vértice: em Legítima Defesa’ |  Marcelino de Castro

 As relações entre texto (poesia e outras formulações) e música são ancestrais, de um ponto de vista da antropologia, sem que com isso se consiga sequer definir a amplitude cronológica dessa antiguidade, pois que ela se prende a difíceis questões ligadas à aquisição e desenvolvimento da linguagem humana. E estamos ainda longe de perceber essas remotíssimas interligações que, na antropologia da evolução cultural, responderam à premência da comunicação, às práticas mágicas e religiosas, à expressividade artística e bem assim à necessidade e vantagem da salvaguarda da tradição e da cultura, em tempos de resto muito anteriores à invenção da escrita como tecnologia de fixação e de transmissão de saberes. […]
 

Teresa M. G. Jardim em Vértice. Notas de Leitura |  Ana Salgueiro 

Resumo: Dando continuidade ao projeto de criação e divulgação artísticas iniciado em 2015, a banda VÉRTICE. Em legítima defesa da poesia insular promoveu, em dezembro de 2017, um ciclo de concertos com o propósito de homenagear a obra de vários poetas com íntimas ligações ao Funchal: José António Gonçalves, João Cabral do Nascimento, José de Sainz-Trueva, José Agostinho Baptista, Herberto Helder, José Viale Moutinho, Teresa M. G. Jardim e João David Pinto Correia. Apresentados em espaços emblemáticos das freguesias de origem dos autores (São Martinho, Sé, Santa Maria Maior, São Pedro, Imaculado Coração de Maria e São Gonçalo), os concertos procuraram, assim, divulgar localmente o trabalho desses poetas, contribuindo, de igual forma, para a dinamização cultural e para o reconhecimento desses espaços urbanos. O texto que aqui se publica constitui a versão revista e acrescentada da nota de leitura da obra de Teresa M. G. Jardim, apresentada na abertura do concerto do dia 16 de dezembro de 2017, realizado na Capela da Consolação, em Santa Luzia (Funchal), e dedicado à referida poetisa e artista plástica. O que é (pode ser) a poesia em/de Teresa Jardim? Quais os limites da criação artística definidos por esta autora? Em que medida a sua poética assume a marca da translocalidade?

Palavras-chave: Teresa M. G. Jardim; Poesia Contemporânea; VÉRTICE. Em legítima defesa da poesia insular; Funchal.

Abstract: Continuing the creation and dissemination of the artistic project started in 2015, the music collective VÉRTICE. Em legítima defesa da poesia insular promoted in December 2017 a cycle of concerts with the purpose of honoring the work of several poets with intimate connections to Funchal: José António Gonçalves, João Cabral do Nascimento, José de Sainz-Trueva, José Agostinho Baptista, Herberto Helder, José Viale Moutinho, Teresa M. G. Jardim and João David Pinto Correia. These events took place in emblematic spaces of the original boroughs related to the authors (São Martinho, Sé, Santa Maria Maior, São Pedro, Imaculado Coração de Maria and São Gonçalo). Thus, the concerts sought to disseminate locally the work of these poets, contributing, equally, for the cultural dynamisation and for the recognition of these urban spaces in the city of Funchal. This text is the revised and improved version of the reading note on Teresa M. G. Jardim’s work, presented at the opening of the concert on December 16, 2017, held at the Consolação Chapel in Santa Luzia (Funchal), and dedicated to the poetess and plastic artist’s work.

Keywords:  Teresa M. G. Jardim; Contemporary Poetry; VÉRTICE. Em legítima defesa da poesia insular; Funchal.

 

SUGESTÕES DE LEITURAS

 

Jorge Valdemar GUERRA, org. (2017), Arquivo Histórico da Madeira. Imagens Antigas do Funchal Urbano, Funchal: DRC/ABM  – sugestão de leitura de Filipe dos Santos