Imagem de Capa © Filipe Silva “Oceano pessoal e intocável” (2019) | Pintura integrada na Exposição Um modo de construir jangadas | Galeria dos Prazeres, Madeira [Óleo e lixívia sobre lona. Fotografia por Martinho Mendes] |
|
Coordenação | Ana Salgueiro |
|
Convite à publicação e normas de edição aqui Data limite para receção de propostas para publicação | |
|
.
|
|
ouverture _ pre.lú.di.o | Ana Salgueiro |
|
ENSAIOS VISUAIS| VISUAL ESSAYS | |
Extra pack: um baralho de 9 cartas | Pedro Eiras (ILCML, FLUP) | |
. | |
Património do Estado | José Zyberchema | |
“J’Existe” [poema visual e sonoro] | António Barros com Augusta Villalobos | |
ARTIGOS | ARTICLES |
|
Avaliação da Vulnerabilidade Social aos Perigos Naturais, Tecnológicos e Biológicos no Concelho do Funchal (Região Autónoma da Madeira) | V. Nuno Martins (Disaster Research Center, University of Delaware) |
|
Resumo: O conceito de vulnerabilidade social assume um papel central na análise dos fenómenos de desastre, na identificação dos processos que determinam a capacidade de indivíduos, comunidades ou sociedades para se preparar, responder e recuperar de um desastre e no estabelecimento de políticas de redução do risco. Tendo em conta o registo histórico de desastre do Funchal, bem como os desastres ocorridos nos últimos 40 anos, torna-se fundamental conhecer os níveis e os padrões de vulnerabilidade social aos perigos deste concelho. Assim, este artigo propõe um modelo geoespacial para avaliar a vulnerabilidade social do Funchal aos perigos naturais, tecnológicos e biológicos. Os resultados indicam que os níveis de vulnerabilidade social no Funchal são moderados. O ambiente construído e as propriedades demográficas são as dimensões que apresentam os valores de vulnerabilidade mais elevada. Adicionalmente, as áreas do concelho com maior presença de população residente, edifícios e alojamentos clássicos são mais vulneráveis em resultado da sua maior exposição aos agentes de perigo. Também concluímos que as vulnerabilidades socioeconómicas se encontram concentradas nas zonas altas do Funchal. De acordo com os níveis e dinâmicas de vulnerabilidade social do concelho, propõe-se um novo paradigma para a governação e gestão do risco de desastre no Funchal.
Palavras-chave: vulnerabilidade social, perigos, SIG, Análise Multicritério, Funchal, desastres |
|
DIÁLOGOS | DIALOGUES |
|
Em defesa da leitura: o projeto A LER | Sandro Nóbrega | |
Nos anos letivos de 2017-2018 e 2018-2019, a Direção Regional da Educação (DRE) da Região Autónoma da Madeira (RAM) acolheu o projeto A LER, cujo objetivo central era referenciado de forma simples e direta, mas não inocente: fazer com que os jovens e as escolas leiam mais e melhor, proporcionando atividades de leitura em voz alta que permitissem uma melhor compreensão e interpretação do texto literário e enriquecendo as competências leitoras dos jovens no que a esta prática leitora diz respeito. O presente texto procura dar testemunho do que foi o projeto A LER, partilhando alguns dos seus resultados. | |
Objetos Poetidianos | Heduardo Kiesse | |
“Mais do que me guiar por processos criativos conhecidos e praticados anteriormente, nomeadamente pelos que deram origem à poesia visual que se fez em Portugal a partir dos anos 60, procuro pôr as palavras em diálogo com elementos que, não sendo tradicionalmente poéticos, podem assumir configurações simbólicas inesperadas.Na poesia visual a erradicação do discurso linear constitui um dos pontos essenciais. […]” | |
. | |
OLHARES CRUZADOS | CROSSED VIEWS | |
Galeria dos Prazeres … um modo de construir jangadas | |
. | |
Fragmentos de… Um Modo de Construir Jangadas | Filipe Silva e Martinho Mendes | |
..,,, | |
Ensaio sobre Um Modo de Construir Jangadas. O ato de coragem de um náufrago | Maria Almeida Cunha Alegre | |
“A pintura de Filipe Silva é uma extensão dele. Do nada o artista faz pintura. Os materiais que este utiliza, desde o óleo, ás ecolines, passando pelos lápis coloridos ou barras de óleo são, de facto, a extensão de si, da sua mão e do seu corpo. As pinturas apresentadas no âmbito desta exposição remetem para a ideia de naufrago: o espectador é convidado a “estar á deriva” por entre ilhas pintadas nas lonas, perdido no mundo do artista. Através das obras que nos são apresentadas, o artista convoca a água, a coragem e a meditação, através de objetos ricos em cores e pensamentos. O trabalho do autor marca a passagem do tempo e de uma memória. A memória de um náufrago que se perdeu. O mesmo faz um caminho sem percurso. Não sabe o seu destino. As ilhas flutuam em manchas que se debruçam no papel e nos tecidos. […]” | |
SUGESTÕES DE LEITURA | BOOK REVIEWS | |
Paulo Miguel Rodrigues (2019), Teatro Municipal de Baltazar Dias. 130 anos sobre o palco, Funchal: Imprensa Académica – Recensão Crítica de Nelson Veríssimo (republicado no n.º 2 da TRANSLOCAL, edição anual impressa, do ano 2019) | |
. | |
________________ | |
________________ | |
A Madeira como espaço cinematográfico | Ana Paula Almeida (UMa-CIERL, Casa-Museu Frederico de Freitas) | |
Resumo: A Madeira foi, curiosamente, desde muito cedo, um espaço cinematográfico. Os primeiros filmes realizados na Ilha (por locais, nacionais e estrangeiros), à semelhança do resto da Europa, foram registos documentais e estão normalmente relacionados com a Madeira enquanto atração turística. Os estrangeiros, em férias ou de passagem breve, fizeram filmagens da Ilha e da sua gente. Nestas películas, a Madeira é vista como uma Ilha paradisíaca, destacando-se, por exemplo, a beleza da paisagem e o clima ameno ou, contrariamente, com um olhar crítico, referindo-se a pobreza, o isolamento e o subdesenvolvimento. Às primeiras produtoras inteiramente regionais, a Madeira Film (1922) e a Empresa Cinegráfica Atlântida (1924), esteve associado o nome de Manuel Luiz Vieira. Estas produziram diferentes tipos de fitas: filmes de reportagem, películas sobre os costumes e vistas da Ilha e média-metragens de enredo. |
|
As Estrelas de Cinema no Neo-Realismo | Leonor Areal (ICNOVA-FCSH; ESAD.CR – IPLeiria) | |
Resumo: Nos anos 40 do século XX, o surgimento do cinema neorrealista veio pôr em causa alguns dos pressupostos do cinema de ilusão de matriz hollywoodiana, cujas estrelas de cinema imperavam nos ecos da imprensa cinematográfica, muito desenvolvida nessa era do auge do cinema clássico. Assim, surgem numerosos filmes que procuram a autenticidade na utilização de não-actores, traço marcante que se torna símbolo dessa revolução na linguagem do cinema. Todavia, não podemos inferir daí que o neorrealismo abandonou o sistema do estrelato (que Edgar Morin viria a descrever). As estrelas de cinema coexistiram com as estrelas menores e continuaram a dominar o cinema de massas, até hoje. Este artigo procura equacionar essa polaridade na época do seu surgimento e, em particular, as suas repercussões no pequeno universo do cinema português.
Palavras-chave: estrelas de cinema, revistas, star system, neorrealismo, Manuel Guimarães |
|
Writing (in) the Margins: postcolonialism as paratext in Ondaatje’s The English Patient | Teresa Ferreira (CECC-UCP) | |
“More than a boundary or a sealed border, the paratext is, rather, a threshold […],a fringe of the printed text which in reality controls one’s whole reading of the text.” (Gerard Genette, Paratext: Thresholds of interpretation, 1997) |
|
“[…] Heading to postcolonialism and The English Patient (book, 1992, by Michael Ondaatje; film, 1996, by Anthony Minghella), I would like to say that metaphorical as it may seem, the parallel between the Empire, the marginal place of the Postcolonial, which according to Bill Ashcroft is located in language itself (1994:34), and textuality works in this paper as a leit-motif with critical intents, probably another paratext in its essence, that may invite the listener/reader to question names, places, identities, either extra, inter or intrafictional, in Ondaatje’s work. An emblematic figure of the “space-between” (Bhabha 1994), Michael Ondaatje and the main characters of his novel The English Patient (1992) mirror this interstice that inhabits the [power] relationships between self and other./ Ladislaus von Almásy [Ondaatje’s main character] is the interwar expatriate whose story is a blend of documentary and fiction, trying to maintain historical accuracy though in his representation of time and place. Over the course of the novel, Almásy leads us through this brief history of Western interests in the Lybian desert, obviously a consequence of the imperialist struggle for power. Due to the war scenario, a liminal place between life and death, Hana, Kip, Caravaggio and Almásy are all refugees from home wandering through both concrete and imaginative geographies, ending up, at some point, by suspecting each others’ truths. Thus, we intend to demonstrate how: 1. expatriate [intra]fictions, meaning the ones created by the characters themselves, can take us to the edge of what we are and are not; 2. how the gaze of the other can isolate the identity of the self and, simultaneously, perform the need to write [it] back; 3. how this [critical] paratext embodied in the alleged English P/patient resists closure by keeping memory displaced.[…]” |
|
Mais que breve nota sobre o cinema literário português (do meu caderno de apontamentos) | Patrícia Lino (University of California) |
|
“É possível falar de uma literatura/ fílmica em Portugal? A pertinên-/cia da pergunta parte do número/ de filmes portugueses inspirados/ em obras literárias, portuguesas ou/ não, que, por ser tão alto e cons-/ tante, não podemos ignorar […]“ | |
Da Condição de Ver Navios. Ensaio visual | Martinho Mendes (Galeria dos Prazeres; Museu de Arte Sacra do Funchal; UMa-CIERL) | |
“Este ensaio visual, constituído por cinco imagens, é um exercício criativo estruturado segundo alguns dos objetivos enquadradores […] [d]o Seminário Literatura & Cinema […]. Estas imagens-metáfora, que se baseiam na sobreposição de três tipos de fontes distintas – o cinema, a fotografia documental e as artes plásticas – podem ser interpretadas como um recurso pedagógico específico para projeção dentro de uma sala de aula, ou outro contexto educativo, que nos permita dialogar acerca de outras dimensões e contextos da nossa história regional e local, reconhecendo, com este tipo de estratégia, “o caráter polissistémico das culturas contemporâneas e o caráter denso dos discursos e fenómenos artísticos das várias áreas de criação” onde o cinema ou a linguagem fílmica é, muitas das vezes, o ponto de partida. / O título proposto […] é o mesmo da minha intervenção para o projeto Ilhéstico de arte contemporânea para a cidade do Funchal que será constituída por uma instalação artística a ser apresentada no topo de uma torre-avista-navios da cidade e por uma escultura no interior dae Galeria Porta 33./ Esta sequência de imagens embora remeta diretamente para a alusão histórico-social, industrial, técnica e artística do bordado Madeira […], foi inspirada […] no film Veredas, de 1978, de João César Monteiro, exibido no âmbito do seminário. A nítida relação que o enredo do filme apresentava com os contos tradicionais da literatura popular portuguesa, assim como um certo espírito de denúncia social e reorganização política na sequência do 25 de abril de 1974, fez-me lembrar, pelas mesmas razões, de um documentário desse mesmo ano, As Bordadeiras da Madeira, realizado pelo Centro Português de Cinema […]”. |
|
Educação, Cinema e Redes Sociais: um olhar a partir do Plano Nacional de Cinema | João Paulo Pinto (CIAC – Universidade do Algarve, LE@D – Universidade Aberta), Teresa Cardoso (LE@D – Universidade Aberta), Ana Isabel Soares (CIAC – Universidade do Algarve) | |
Resumo: Considerando a relação do cinema com a educação no contexto das redes sociais, o presente texto constitui-se como uma reflexão teórica em torno da tríade Educação/Cinema/Redes Sociais, no contexto de uma investigação doutoral em curso sobre a iniciativa governamental Plano Nacional de Cinema (PNC). A revolução tecnológica fez emergir uma sociedade em rede, em queas pessoas se vêem como cidadãos ativos, construtores de interações e conteúdos, e não apenas como consumidores passivos de uma cultura criada pelos outros. O cinema, enquanto arte audiovisual, sempre assumiu um papel educacional na sociedade, mas encontra agora novas possibilidades e caminhos para intervir, contando com públicos participativos, que, além de recetores, podem ser produtores de conteúdos audiovisuais no seu quotidiano. As novas formas de viver o cinema influenciam as atividades desenvolvidas pelo PNC e reforçam os seus objetivos educacionais. Este texto pretende ser um ponto de partida para o enquadramento teórico de uma investigação que visa compreender de que modo a referida iniciativa governamental tem feito uso das redes sociais digitais online, e contribuir para a consolidação do conhecimento científico sobre as áreas da Educação, do Cinema e das Redes Sociais. Palavras-chave: Educação, Cinema, Redes Sociais, Plano Nacional de Cinema (PNC), Literacia dos Média. |
|
Psicanálise Primária do Filme O Fauno das Montanhas (1926) de Manuel Luiz Vieira | Rui Guilherme Silva (CLP-UC; UMa-CIERL) | |
“A propósito da exposição monográfica Mitología de la Naturaleza, do artista catalão Modest Cuixart, dizia José Luis Menéndez Varela que qualquer manifestação cultural pressupõe já a presença simultânea de um mundo, ou seja, de um cosmos humanizado e, como tal, habitável. Apenas neste mundo tem lugar isso a que chamamos Natureza, ou seja, “o resultado da domesticação de outra coisa”. Assim no mito se vive e se pensa de acordo com uma certa ordem natural que é também humana: as propriedades cíclicas e genésicas das forças que nele atuam são bem ilustrativas dessa coincidência. J. L. Menéndez Varela podia então concluir: “Também no pensamento mítico a natureza é já um artifício” (Varela, 2001, p. 15-16). /Estas notas, que se ocupam do filme O Fauno das Montanhas (1926), de Manuel Luiz Vieira, foram apresentadas no III Colóquio Internacional INSULA – Para Além de Natureza/Artifício, que decorreu no Funchal em novembro de 2017, e procuravam responder às linhas teóricas da “Paisagem e criação” e dos “Universos oníricos, imaginários e representações”.” | |
Filmes de rocha, água e solidão – Estéticas da paisagem madeirense | Carlos Valente (CIEBA – UL; UMa-CIERL) | |
Resumo: Este texto pretende debater a potencialidade expressiva da paisagem insular enquanto objeto fílmico. A geografia madeirense, aqui desdobrada em dois filmes, pressupõe uma insularidade balizada pela linha costeira, onde a terra se submerge e predomina a vastidão do mar. O objeto desta análise reside na comparação de duas obras audiovisuais realizadas na Madeira, separadas por quase cinquenta anos: um filme de longa-metragem, rodado no Porto Santo, e uma curta-metragem em vídeo, rodada na Madeira. Em ambos encontramos uma paisagem demarcada pela fluidez oceânica; e em ambos se desenvolve a narrativa do naufrágio: consumado num dos filmes e eminente no outro. Para contextualizar esta comparação será abordada também a potencialidade documental, narrativa simbólica da imagem em movimento, e em particular dos filmes que exploram o conceito de ilha distante e solitária, sob um ponto de vista fenomenológico.
Palavras-chave: paisagem, cinema, estética, insularidade, reclusão, Carlos Vilardebó, Vasco Araújo. |
|